domingo, 29 de março de 2009

Da moda e não só...

Uma imagem de mulher moderna nos finais do século XIX: jovem alegre, sorridente e bem vestida. Mas desde, então, quanta evolução na moda?!...

O poeta comenta as mudanças e vejam com que humor...

Eu sou do tempo em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um apelo!
Depois, já rapazinho, vi as primeiras pernas
De mulher
Sem saia;
Mas foi na praia!

A moda avança
A saia sobe mais
Mostra os joelhos
Infernais!

As fazendas
Com os anos
Se fazem mais leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase nuas.
E a mania do esporte
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno ficando mais pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar moreno.

Deus,
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!

Millôr Fernandes

sexta-feira, 27 de março de 2009

Hino à Terra e ao Amor



Para despertar a consciência do bem e do belo do nosso Mundo!

Bach




Bach possibilita-nos a evasão... repouso para o corpo e apaziguamento para o espírito.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A Vida é...

O carácter fugaz da vida... Feita de "dias de hoje", a vida passa entre a realidade e o sonho. De maneira simples e perfeita, João de Deus soube exprimir o sentido efémero da vida!


A vida é o dia de hoje

Avida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;

A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!

A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:

Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida - pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale impelida
A vida o vento levou

João de Deus

domingo, 22 de março de 2009

Aurora Boreal



Percorrendo as belezas inesgotáveis deste nosso Mundo!
Desta vez, as regiões polares...

sábado, 21 de março de 2009

Celebrando a Poesia





Este Inferno de Amar

Este inferno de amar - como eu amo!
-Quem mo pôs n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói
-Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho
-Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei!

Almeida Garrett

Neste Dia da Poesia fica a lembrança de Garrett e de todos os poetas! Mas nesta homenagem associo também todo o homem-criador do belo... que se inspira e manifesta em tantas vertentes: palavras, sons, formas e cores para deleite dos nossos sentidos e emoções.

terça-feira, 17 de março de 2009

Mon coeur s´ouvre à ta voix




Mais uma inesquecível interpretação de Maria Callas!...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Cascais

Capela de S. Sebastião
Cascais, Museu de Condes de Castro Guimarães. Uma visita que vale pela arquitectura e pelo ambiente de uma casa aristocrática dos finais do século XIX. Arquitectura revivalista e eclética com belos azulejos!
Agradável percorrer salas, observar mobiliário e peças decorativas de inestimável valor: porcelanas, pratas, pinturas, livros e tantas mais. Destaque para a Crónica de D. Afonso Henriques de Duarte Galvão que regista uma imagem única de Lisboa.

Junto à Casa-museu fica a Capela de S. Sebastião, edificada no século XVII, revestida de azulejos da época e aos quais se juntaram no século XX, quatro painéis relativos à vida do santo.

Visitar Cascais significa caminhar calmamente por esta vila de tradição monárquica que não desdenha o convívio com o povo. E para melhorar a visita aconteceu um Sol brilhante, o mesmo é dizer temperatura primaveril nesta quarta-feira feita de azul no mar e no céu.

O Parque prolonga a sensação de bem-estar nos visitantes que, por hábito, aí se reúnem pela tardinha. Avós e netos, crianças livres e felizes num espaço, onde tudo convida à brincadeira. Registei o caso de um menino de 3-4 anos que, alegre e decidido, tentava agarrar um pavão de plumagem colorida. Falhando, mudou de objectivo, uma presa de menores dimensões: um pato que corria na relva.
Serenidade de um fim de tarde que, por instantes, me transportou às brincadeiras de infância!..
E por tudo isto, pensava como é bom viver, desfrutando os bens da Natureza que, entrecortada pelas imagens do passado e do presente, nos gratifica e anima...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Viver o presente

Interlúdio

As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muros
em coisas escritas.

Deixa o presente.Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado

Cecília Meireles