sábado, 21 de março de 2009

Celebrando a Poesia





Este Inferno de Amar

Este inferno de amar - como eu amo!
-Quem mo pôs n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói
-Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho
-Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei!

Almeida Garrett

Neste Dia da Poesia fica a lembrança de Garrett e de todos os poetas! Mas nesta homenagem associo também todo o homem-criador do belo... que se inspira e manifesta em tantas vertentes: palavras, sons, formas e cores para deleite dos nossos sentidos e emoções.

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